Poema 10


Mosca dependurada na beira de um ralo –
Acho mais importante do que uma jóia pendente.

Os pequenos invólucros para as múmias de passarinhos
que os antigos egípcios faziam
Acho mais importante do que o sarcófago de Tutancâmon.

O homem que deixou a vida por se sentir um esgoto – Acho
mais importante do que uma Usina Nuclear.
Aliás, o cu de uma formiga é também muito mais
importante do que uma Usina Nuclear.

As coisas que não têm dimensões são muito importantes.
Assim, o pássaro tu-you-you é mais importante por seus
pronomes do que por seu tamanho de crescer.

É no ínfimo que eu vejo a exuberância.


(Manoel de Barros)

Primavera


Eis que é chegada a nova estação
Junto vem o renovo, aquele que precisava
Hoje amasso as folhas de ontem, compro um caderno novinho.
Com meus sapatos vermelhos pego outro caminho...
Olho o vapor de minha xícara de café e o vejo ganhar forma
Os versos do poeta me dizem que derrotei as unhas malignas, estas não zelosas
Hoje vejo a flor do tempo me assinalando um novo dia!

"Já que não estamos aqui só à passeio

já que a vida enfim não é recreio

Eu vou..."

*Um passo à frente


Apagando o ontem
Reinventando o amanhã
*Almoçando o café
Jantando palavras mal ditas
No dia depois do hoje

*Deixa-se levar...


*O mundo é ‘bão’ Sebastião,
E que ninguém se atreva a tentar te convencer do contrário. Alguns grandes se vão, mas felizmente deixam sua marca, sua expressão, o retrato de sua trajetória pra nos tocar a alma e afagar o âmago. Quem disse que seria fácil dizer adeus? Sempre soube que não.
Mas hoje pela manhã ao abrir os olhos opte por enxergar o que tem não o que perdeu. Você tem a maravilha de uma vida boa, bem boa. Um dia inteiro pra sonhar, uma vida inteira pra realizar. Quem disse que no final do arco-íris está apenas o pote de ouro à sua espera? Há uma porção de histórias a viver e outras a se lembrar. Estão lá Amelie. Alice e seu espelho, o sol cintilante e páginas em branco esperando por pingos de tinta a cair no papel. Imagine não só a gaivota, também a casa no campo, do lago, cores, amores e flores. E nada de pensar que ser açucarada enjoa, quem é que gosta de gente salgada? Sal mesmo, só o do mar, nas tardes ‘jacuipenses’ com amizades ‘baianuchas’, com o amarelo solar como testemunha de que a vida não é de brincadeira amigo. Seja verdadeiro com tudo o que pode, ignore o que não faz bem, deixe lá no fundinho do seu baú etiquetado com: ABSTRAIA. E siga fazendo dos seus dias melhores, vivendo, colorindo e musicando-se. Dedique-se ao exercício de uma vida boa, no final ao olhar para trás você notará que os pedregulhos tornaram-se flores multicoloridas aromatizadas e poderá então gritar o mais alto que puder a quem possa ou não interessar: Eu confesso, vivi!

He's like the wind...


*Look in the mirror and all I see Is a young old man with only a dream…*

The dream never dies,
You went but your history is here in our hearts,
I know that the death doesn’t exist...
You're gone, at age 57, after lend your art to us.
We are orphans in this day...
We who appreciate your work by estimated 40 decades.
When I close my eyes I’ll always see Johnny Castle’s smile.
I hope that in the other side of life you never find your last dance.

Sem fim...




Tão desesperador quanto acordar e não vê-la ao seu lado, era olhar o horizonte e se deparar com um mar de incertezas. O tempo é passado e este o consumia. Queria ouvir o trincar de suas chaves ao abrir a porta e sentir seu cheiro numa gélida noite de primavera. Um engodo, obviamente ela estava lá, nos móveis, lençóis, cores das paredes, em tudo o que via e sentia. Ansiava apenas por sentir o suave toque de suas mãos acariciando meus cabelos, aliviando o pesar de seu longo dia com o aroma de seu beijo e leve tocar percorrendo seu corpo.
Estava neste labirinto buscando qualquer sonoridade que lhe trouxesse sua voz, ou a lembrança desta. Rumo à casa de suas idéias, à espera de uma que o levasse ao encontro dela antes do previsto.
Tinha apenas uma certeza, de que a conhecia antes mesmo de encontrá-la e isso não poderia se perder. Dentro dele havia uma vontade gritante de um encontro imediato, embora naquele momento não parecesse possível. Procurou refúgio em suas lembranças, em livros, sons, nas cores que possivelmente o remeteriam a imagem daquele doce rosto.
Talvez todos aqueles pensamentos lhe parecessem piegas, mas há modo de não o ser quando sua alma está tão inundada de sentimentos? Deitado a vislumbrar o que a vista de sua cama lhe permitia, um teto branco, conseguia visualizar a imagem dela nitidamente, enxergava as luzes e tons que o levaram ao seu encontro. Por um minuto fechou os olhos e sentiu uma lágrima percorrer sua face, percebeu-se tão próximo dela naquele momento, tal qual como dia em que suas vidas se reencontraram, definitivamente estavam no destino um do outro.
O que fazer com a geografia que os distanciam? Esta resposta permanecia ali, muda, como uma lacuna do tempo, o tempo que os separa, talvez este seja por vezes seu melhor conselheiro... Estava por fim, certo de que não havia ninguém entre eles, nenhuma das pessoas com as quais pudessem se deliciar nas noites seria capaz de se infiltrar no espaço que pertencia apenas aqueles dois corpos tão distantes e próximos ao mesmo tempo. Tinha mais uma certeza, a de que seu conto não possuía um final, ao menos não por hora, ainda restavam muitos parágrafos a serem escritos, e serão.

*I look from the wings at the play you are staging…

Let it be...



Às vezes me falta inspiração. Não, não só às vezes, escrever para mim, não é nada fácil.
Em verdade é uma atividade altamente penosa. Escrevo por tentar transpor o que às vezes nem consigo identificar em mim. E vou assim, começando ‘numa’ linha e vendo no que vai dar, aonde chegará. Ontem lia sobre maldade.
Alguns diriam que esta não existe, que é obra de ‘uma’ outra entidade (não palpável). Eu diria que essa afirmação é apenas uma tentativa de justificar certas atitudes humanas, tal como personificação, ou coisa parecida. Não creio no dizem alguns filósofos, custo a acreditar no homem essencialmente mal, esta afirmativa me diz que o ser humano não é passível a mudança, e dizer isso, significa afirmar que eu mesma não sou capaz desta. Mas ao olhar para trás eu percebo o quanto mudei – não só umas por algumas rugas –.
Mudar é amadurecer, é olhar através do que as coisas lhe parecem, é vislumbrar nas pessoas o que você pode agregar delas ou não. É não ser previsível, esqueça previsibilidade, você sabe das alterações pelas quais a vida, as situações, as pessoas e até você mesmo que influenciaram sua “transfiguração” e pronto.
Esqueça de provar quem você é, a menos que você não saiba disto. Daí, se não souber, mergulhe bem fundo no seu ‘eu’ desconhecido e vá desvendando por si só, nunca deixe que te digam que não é grande, certamente és maior -muito mais- do que possam sonhar as mentes céticas e enxergar os olhos vendados.


"What do you see when you turn out the light?

...I high by with a little help from my friends..."
Copyright @ *Jai Guru Deva... Om... | Floral Day theme designed by SimplyWP | Bloggerized by GirlyBlogger