MM





E  seu silêncio é que faz eco,
que trago e levo de lá e de cá.
E se confundir, te recorro.
Brinco de re-invento,
invento ser leve.
Teimo de ser feliz.
Você nada diz, mas diz
apressa a calma, acolhe
e quem chora, sorri.



Confundo




Onde eu estava que não vi?
Não vi as marcas que deixaria e me trariam o 'confundo'.
Confundo: expressão que nem sei existe, mas que representa essa sensação.
Sensação, que palavra é essa?
Que enlouquece, enfurece, acalma, pra enlouquecer de novo.

Dos remédios eu preciso, de você não.
Preciso de mim, da lucidez que me foi furtada
Da análise que está afastada, de todo o amor em mim guardado.
Da felicidade à loucura existe uma linha tênue.
Então, o que é ser louco ou são?
O mundo pra mim é louco, eu não.

Sangro, me sangro - de propósito.
É forte e dificil ser eu, tantos eus, tantos 'nãos', adeus.
Não sei quem serei amanhã, talvez a sombra do hoje, ou nem isso.
Talvez eu precise do drama para alcançar a sanidade.

Quatro fases


Ela acordou, coloriu
Coloriu os lábios, pintou a tristeza.
Mas a tristeza ardilosa tem muitas facetas:
Pega, aperta, puxa, toma para si.
Se existem fases, não sabe
Se são 4, tão pouco.
Angústia, raiva, luto, aceitação.
Onde estará?

Microcontos de Páscoa


Era uma vez um Ouriço do mar, inanimado e "inanimável".

Ele vivia aprisionado em seu mundo e acreditava que o tempo passaria rápido e fugaz. Tão cheio de verdades absolutas que assustava todos os outros seres em volta. Era uma espécie de alienígena marinho, tão assustado e submerso em seus dramas que nenhuma outra razão poderia ser tomada como sua, ele tinha suas próprias.

Um dia, como que por encanto o Ouriço se viu seduzido a viver para fora daquilo que chamava de realidade. Foi convidado a abandonar seus espinhos e enxergar além de suas convicções nebulosas, conflitantes.

Ele - não podia ser diferente - se debateu, lutou, relutou. Afinal, foram anos vivendo como Ouriço. Como agora abandonar suas vestes e tomar uma nova forma, uma nova vida? Retorceu-se, rejeitou, tornou-se adversário de si mesmo num conflito interno que o fez sofrer, sozinho, em silêncio.

Mas o Ouriço não estava sozinho, ao lado dele havia o Encanto, que agora passava de sensação a personagem da história. Brigou contra o Ouriço, tentou mostrar o quanto estava errado ao viver no seu mundo de faz-de-conta e o convidou para desfrutar da sua realidade.

Ah! E quão doce soou a realidade, azulada e cintilante. E como num passe de mágica - desses que só se tomam nota nos Contos de Fadas- o Ouriço metamorfoseou-se em Pérola, abandou a carapaça e vestiu-se da delicadeza, fragilidade e amor que o encanto lhe ofereceu. Nunca antes havia experimentado tão doces sabores, nunca havia se permitido ver a luz e se tornar parte desta.

Agora, enquanto Pérola o Ouriço espera. Espera que o brilho do encanto não o deixe, não permita a volta dos espinhos, a escuridão, a inercia. Enquanto Pérola, não quer mais ter medo, não quer mais esconder-se de si e do mundo, deseja apenas viver um sonho real.


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