A glass of wine



O mais triste do solitário não é a solidão em si.
É estar preso numa sala, cercado por pessoas
Você grita e ninguém ouve, chora e ninguém acolhe
Onde está? A calmaria onde está?
Um meteoro atingiu a nuca – e como dói.
Sangra, nunca estanca.
E no mundo o desespero. Por que não ser menos?
Qual o porquê de tanta intensidade, choro e dor.
O corpo não queima mais, arde e espalha desolação.
É desesperador. 

O amor se manifesta




Ainda em desamor, tempo de amor será.

É a frase que toca o momento mais presente. Há exatos 12 meses acreditava que o desamor iria para nunca mais, engano. As pessoas ficam vulneráveis quando solitárias, acreditam em tudo que tocam, sentem com mais intensidade do que deveriam e falham, afinal é humano.

Outro dia conversava com alguém que dizia não acreditar no amor, que era uma fantasia cinematográfica, incapaz de ser real, pois a rotina esmaga o amor. Uma máxima muito forte para se ouvir antes dos trinta e com ânsia de desbravar o mundo.

Acredito no amor que se manifesta das ínfimas formas. Em cada partícula de amizade, em cada beijo ou abraço, ou num simples sorriso da criança.

O amor é leve e nos faz querer ser mais e melhores do que somos, é despretensioso. Também pode ser faminto, suplicante, urgente, mas nunca egoísta. Não pode exigir não se doa mais do que recebe. O amor não grita, recebe e pronto. Há de ser legítimo o seu tempo e facilmente reconhecido. Não acredito no amor que implora, humilha, destrata, maltrata... No amor que não ama, apenas demanda.

Já que fui ouriço, borboleta e flor. Acredito em tempo de amor. Embora num mundo onde as pessoas não se olham mais, não se respeitam ou cuidam. Tudo é frágil, as amizades, os amores descartáveis, a vida descartável. Quem sabe um dia.

Os mais próximos sabem. A vida às vezes é fardo difícil de carregar. Mesmo assim, tempo de amor será.
Acredito no som dos pássaros, no barulho da chuva e no riso mais sincero do bebê que ainda desconhece o mundo.  “De dentro, se vê o longe.”

Ontem eu chorei não de tristeza, de amor. Agradecia por ainda reconhecer em meu caminho olhares sinceros – mesmo em desamor.

E se é verdade que “A mente criativa não se contenta com a mesmice (...) os criativos têm o poder de mudar o mundo da forma mais brusca e verdadeira” – Ainda em desamor, tempo de amor será. 

Eternos campos de laranja




Lágrimas sutis,
Silenciosas como a dor que sente – e mente.
Engana-se sempre. Amor não há, não está, não se pertence.
Desconhece.
Chora em silêncio adornada por laranjeiras. Reais?
Tão funda e constante a dor que sente. Presente em tudo, nunca passa nem acalma.
Entorpece e queima.
Engana o olho que mente.
Contentar-se nunca basta – não se basta
“Não há bastardo que se baste”.
A mãe onde está? Nela, há?!
Curvas erroneamente visitadas,
Engano.
Não há, não está, nem pertence,
Só sente.

Impublicáveis Versos



Coisas que tornam feliz um coração solitário,
É sentir de longe que mesmo desilusão há esperança em ser ilusão.
Os sons gritam como outrora, os dias se vão com agilidade, o sabor dos lábios é doce como vinho que permite entorpecer os sentidos.
E adormece aquela que terna está. Queima, nos dias quentes da cidade barulhenta – arde.
Como se fizesse morada no calor dos corpos molhados.
Impublicáveis versos – será?
Há verdade, há vida – mentira.
A vida se esvai, tal como os dias e a primavera
Tal como palavras distorcidas de Hera.  
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