É primavera...



Queria ser escritora, escrever sobre vidas, quem sabe uma forma de viver outras histórias que não fossem sua. Ou tomar a vida de seus personagens e viver contos de felicidade. Uma praga a perseguia, talvez, não conseguia seguir muito além com linhas felizes, já as tristes eram quase como cuspir palavras, dizem que a escrita é escapar da vida.

Um dia, levantou-se ainda com as dores de ontem, tomou um papel e decidiu escrever sobre verdade. Fazia muito calor, já era tarde. O sol cintilava, mas pensava em escrever sobre a escuridão, não sobre a escuridão dos dias, é claro, mas a escuridão que acomete os corpos vez ou outra. Seria capaz de ser clara em seu intento?

Buscou clareza na escuridão dos corpos, haveria de se contentar com aquilo, seguir além e dar vida a sua. De repente viu cores de primavera, com ressalvas. Sabe bem, haverão dias em que as cores fugirão, mas espera refazer-se como outrora e encontrar novas de viver.

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