Achava que estava cercada de amor
e que seria suficiente para suportar as dores e preencher as lacunas deixadas
pelas marcas da vida.
Não estaria de todo errada se as
relações não fossem efêmeras, que se dissipam com o vento, na agilidade dos dias,
no correr das horas.
Havia amor ali, achava, havia
pureza, verdade. Sentia como se as ruínas deixadas de fora da casa não tivessem
a menor importância e poderia construir algo novo e consistente. Um espaço de
carinho e cuidado para ambos.
Descobriu, que muito embora
estivesse inclinada a dar o melhor de si para o outro, ali não havia
reciprocidade, ou melhor, havia fragilidade.
Estufava o peito e se vangloriava
por ser pessoa viva, feita de carne, osso, suor e sangue. Espreguiçava-se para
a vida como se o mundo lá fora ganhasse mais suavidade. Morosa, ia contando os
dias e colecionando sorrisos.
Sorrindo, ia camuflando a tristeza
de não compreender as coisas que a cercam. Ou talvez por compreender demais seja
preciso um disfarce.
Exausta das incoerências da vida, ela se fecha em si, na tentativa de mais uma vez juntar os cacos. Levantar,
respirar, contar as peças que tem, ignorando as que perdeu.
Ninguém é uma ilha, é verdade,
mas não se pode esquecer de si mesmo tentando virar mar.
1 comentários:
Mas o homem tornar-se-a uma ilha a partir do momento que for cercado de solidão. Adorei sua 'ilha' cheia de Brisa. Parabéns.
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