O amor dói, mas existe.

 

 

Eu vivi cinco anos, incontáveis dias e, sei lá eu quantas horas de chuva constante.

O mais curioso de chegar a essa elaboração – no meu ‘pós’ muitos anos de análise, é de reconhecer luz (em mim) onde eu outrora achava que havia só sombra, tristeza. Eu era o sol.

Era feliz, mesmo sem saber que era. Ainda sou.

O tudo que vivi naquela história truncada me trouxe até aqui, a essa pessoa quebrada que vive na dualidade entre sorrir e chorar (em silêncio). Eu me lembro a última vez em que chorei: era noite, fazia calor e eu tinha vinho. Tinha a minha amiga a me consolar e todo o meu corpo trazia a culpa de ser tão estúpida, negligente comigo mesma.

Nunca mais chorei desde então, também nunca mais sorri. Com a boca e dentes, certamente.

Nunca mais com os olhos.

Hoje, ensaiando me envolver em meus livros com a finalidade de me reconectar com a sensibilidade que me foi tirada. Eu fecho olhos, respiro fundo, respeito meu tempo e encaro de frente meus dias de solidão.

Afinal, o amor dói e existe. Mas precisa valer à pena.

E fim.

 

Inverno.

Trouxe e levou o riso consigo.
Deixou o amor.
O que restou?
Ao olhar para frente nada vejo, ao olhar para atrás não recuo, não há flores.
Onde nos perdemos de nós mesmos?
E as horas atribuladas nos vastos espaços do tempo.
E as idas, eram apenas chegadas.
Poderiam dois corpos coabitar?
Sem lágrimas, sem dor
Em paz.

Onde está? 

Folhas de Outono




E como veio parar aqui, nem mesma sabe. 
Caminha confusa por ruas que desconhece, não reconhece o amor de outrora 
Foi-se embora?
Estaria escondido... em caixas, dentro da memória?
Pequenos baús sendo trancados às chaves - enquanto  enxuga as lágrimas.
Dentro dela: as memórias de ontem, de hoje e do tempo que não sabe quanto levará.  
Costurando os pedaços de si mesma, não consegue imaginar o que será além de ontem
É uma dor tão aguda, tão solitária, tão dela. 
Ela mesma é dor.  
É como estar despedaçada à procura de linha para reemendar a si mesma - ou a parte que lhe falta.  
O arremate final da costura, a descompostura dos abraços desesperados. 
A saliva seca do beijo roubado. 
As longas risadas soltas com leveza, em descontração.  
Apenas deite e espere o sono chegar.

Onde esperança dorme


De todo descaminho o caminho é o mais difícil.
É de pedra e barro, é frio e sujo... Não é indolor
Há dor, e como haveria de ser, há corte, há sangue – simbólico.
Quisera o simbólico não ter influência no sentido de todas as coisas.
Apartam-se como estranhos distantes e frios – tal qual as pedras do caminho – em descaminho.
Em desalinho, em (des)palavras, menos expostos, menos despidos, sem nudes – em partida.
Partida, incompreensível, eloquente, estridente.
A lágrima escorre pela face, gélida.
Não há calor em Dionísio, só frio.
Sofriam em dor.

Onde dorme a esperança, Dionísio?

O que não sei.



Do amor eu sei
da agonia da ausência
da angústia da dúvida
da espera.

Do amor certeza que tenho
do amor o que não sei.

Do amor eu sei
a saudade que fica no espaço desabitado
das palavras soltas lançadas vagando pelo vazio
do tempo que passa e o corpo que se cansa em espera

Do amor eu sei
o que não posso tocar
o que que vejo ao longe

se esvaindo por entre os dedos. 

Desnudos.



E de repente uma coragem me invadiu.
Já não tenho medo do vazio, ou mesmo do escuro.
E de repente das lágrimas fez-se o riso musicado, o cheiro que marca o toque que fica.
E o desejo que chega e pede morada no abraço, o mais demorado possível.
O toque sutil na pele macia, a fuga na noite fria, a queda, o calor... O medo - aquele que não existe mais.
Eles sonham que se despem, como dois peixes livres no mar ou no rio - sorrio.

Mais expostos que qualquer ‘nude’, é amor o que vejo. 

A ilha


Achava que estava cercada de amor e que seria suficiente para suportar as dores e preencher as lacunas deixadas pelas marcas da vida.
Não estaria de todo errada se as relações não fossem efêmeras, que se dissipam com o vento, na agilidade dos dias, no correr das horas.
Havia amor ali, achava, havia pureza, verdade. Sentia como se as ruínas deixadas de fora da casa não tivessem a menor importância e poderia construir algo novo e consistente. Um espaço de carinho e cuidado para ambos.
Descobriu, que muito embora estivesse inclinada a dar o melhor de si para o outro, ali não havia reciprocidade, ou melhor, havia fragilidade.
Estufava o peito e se vangloriava por ser pessoa viva, feita de carne, osso, suor e sangue. Espreguiçava-se para a vida como se o mundo lá fora ganhasse mais suavidade. Morosa, ia contando os dias e colecionando sorrisos.
Sorrindo, ia camuflando a tristeza de não compreender as coisas que a cercam. Ou talvez por compreender demais seja preciso um disfarce.
Exausta das incoerências da vida, ela se fecha em si, na tentativa de mais uma vez juntar os cacos. Levantar, respirar, contar as peças que tem, ignorando as que perdeu.

Ninguém é uma ilha, é verdade, mas não se pode esquecer de si mesmo tentando virar mar. 
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