Abrigo do vento


Tantas eu num só...
Tantas mulheres fortes, fracas, novas, velhas.
Histéricas, sensatas, doidas cheias de recato, loucas de desejo.
Um intenso ano.
Dores, salvação, amargura, amor.
Cores invadiram a vida formando expressões enigmáticas do que seria o hoje.
Sentada no canto da sala a menina se isola, olha seus sapatos vermelhos, aqueles que outrora escandalizavam a todos.
Às voltas com o vazio das paredes brancas de sua sala, um sentimento indescritível se apodera de seu coração, perde a fala -fica muda.
A confusão que toma posse das idéias não acalenta nem afaga, desespera.
Sentada vê a vida passar com insatisfação.
Não há respostas para os dias. O vento se recolhe em hera.
Por quantas ruas tontas rodopiaria ao encontro do mar?

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