Doces Lembranças de um passado


Era um fim de tarde de um cálido dia de inverno aparentemente normal. O som gritante do telefone interrompe a refeição que para ela é sagrada depois de um dia de trabalho. Ao atender a ligação, uma voz que há muito não ouvia, não trazia mais aquele tom jovial e saudável de antes, mas jamais esqueceria aquela voz. Como algo arrebatador, ouviu dizer-lhe: -Trago uma triste notícia...
Ela fez-se silenciosa como se pressentisse o que estava por ouvir. Na verdade não era um pressentimento, no fundo sabia, mas não queria, definitivamente não queria escutar o que aquela voz tão familiar tinha para lhe dizer. E em trêmulas palavras confirmaram suas suspeitas. Seu pai havia falecido.
Ela, que já estava em silêncio, não conseguiu proferir palavra alguma, nem gesto, nem nada. Por segundos ficou imóvel sem saber o que pensar, sentir ou falar. Ouviu muitas coisas, mas pouco falou, quis naquele momento ficar solitária em meio aos seus próprios pensamentos.
Ao desligar o telefone, agarrou-se as suas lembranças, poucos postais, algumas fotografias e um gato de pelúcia pelo qual sempre fora muito apegada. Sentia como se um filme passasse em sua mente, podia fechar os olhos e enxergar nitidamente as caminhadas, podia ouvir novamente cada frase, as lembranças tomavam suas idéias, memórias daquela figura tão ausente que se fora. Percebeu que pouco sabia sobre aquela pessoa, quase nada. Não conhecia suas mínimas preferências, como cor, comida ou música. Nem ao menos sabia sua idade ou data de aniversário. O que lhe vem à cabeça é a imagem de um jovem senhor que adorava caminhar pela cidade –mesmo a contragosto da filha. Vem-lhe a vista da Gambôa, o pôr do sol, as coisas que ele sempre quis passar para ela. Não o conhecia bem, nem ele a ela. Não a vira crescer, torna-se mulher, alcançar vitórias – poucas até agora, mas ainda assim, vitórias. A moça também pouco o conhecia, mas tinha a consigo a certeza de que havia conhecido o melhor daquele homem que se esforçava para chamar de pai. Conheceu a simplicidade de um crepúsculo, a cultura, definitivamente é pouco, mas prefere crer que foi o melhor.
Machuca-lhe lembrar da última vez em que se viram, da ausência, de que há muito não tem pai, que o perdera não apenas uma, mas duas vezes.
Coincidentemente –ou não, neste mesmo dia havia recebido de um amigo uma mensagem que lhe dizia que a distância permite a saudade e nunca o esquecimento. Ela mesma não era capaz de esquecê-lo, das coisas que vivenciaram, dos lugares por onde passaram, das palavras, do afeto, do pouco que tiveram.
Lembranças -agora mais do que nunca, são apenas doces lembranças de um passado. O que lhe parte o peito não é ausência em si, pois esta já se fazia presente, mas o fato de que ele partiu sem lhe dizer o quanto a amava e ela a ele. Mesmo com todos os erros sentia sua falta. Gostaria de ter dito muitas coisas, mas já era tarde, ele se foi. Ficarão para sempre guardadas as memórias de um tempo que passou. E novamente prostra-se em silêncio.

*Sejamos como o sol, que brilha!!!


"Oh! sejamos pornográficos
(docemente pornográficos).
Por que seremos mais castos
que o nosso avô português?

Oh! sejamos navegantes,
bandeirantes e guerreiros
sejamos tudo que quiserem,
sobretudo pornográficos.
A tarde pode ser triste
e as mulheres podem doer
como dói um soco no olho
(pornográficos, pornográficos).

Teus amigos estão sorrindo
de tua última resolução.
Pensavam que o suicídio
fosse a última resolução.
Não compreendem, coitados,
que o melhor é ser pornográfico.

Propõe isso ao teu vizinho,
ao condutor do teu bonde,
a todas as criaturas
que são inúteis e existem,
propõe ao homem de óculos
e à mulher da trouxa de roupa.
Dize a todos: Meus irmãos,
não quereis ser pornográficos?"

Para ser grande, sê inteiro:
Nada teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada
coisa.
Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua
toda brilha,
Porque alta vive. (F. Pessoa)

E fica o dito pelo não dito...


Eu queria saber escrever uns versos hoje. Queria uns que fossem cortantes e penetrassem a carne de algumas pessoas especificamente. Mas infelizmente nem eu sei confeccionar escritos assim, e nem certas coisas merecem o crédito a ponto de queimar meus miolos tentando extrair de mim alguma coisa que corte. Então, me pego aqui novamente na tentativa de renovar a minha pele, tão desgastada das últimas horas. Os últimos dias não foram lá muito fáceis. Muitas especulações, conspirações, ‘disse-me-disse’... Urubus pairando em torno da felicidade alheia. Fazer o quê?!
Estes simplesmente escolheram viver em função da desgraça do outro, não mais olham para suas vidas, preferem viver como sanguessugas, absorvendo (ou tentando) a energia de quem é naturalmente afortunado –dotado de luz.
Lendo –tentando alimentar meu espírito de coisas boas-, eu me deparei com uma frase facunda “A maior perda da vida é o que morre dentro de nós enquanto vivemos”. Lamentavelmente existem por aí esses “zumbis” perambulando dia e noite à procura de sangue fresco, arquitetando planos de destruição e sem saber que estão envenenando suas almas, cavando seu próprio sepulcro.
Levanto convicta de quem sou, sigo minha vida na paz –que me acolheu, sem precisar praguejar ninguém.



“Então, o rei Dario escreveu aos povos, nações e
homens de todas as línguas que habitam em toda a terra: paz vos seja
multiplicada! Faço um decreto pelo qual, em todo o domínio do meu reino, os
homens tremam e temam perante o Deus de Daniel, porque ele é o Deus vivo e que
permanece para sempre; o seu reino não será destruído, e o seu domínio não terá
fim. Ele livra, e salva, e faz sinais e maravilhas no céu e na terra; foi ele
quem livrou a Daniel do poder dos leões” (Dn 6:25-27)

Tudo 'num' só


Depois de achar que tinha passado pelas mais bizarras formas de destrato. De acreditar que nada mais a surpreenderia, um fato, fez cair por terra todas as certezas e convicções acerca disto. As razões as quais desencadearam tais atitudes permanecem no silêncio, o mesmo que se fez com a voz dela, o grito que implodiu estourando diversos vasos sanguíneos formando chagas indolores em sua pele. A dor não é física, embora sentisse como se estivesse com um machado cravado em suas costas, formando um peso tão grande, quase capaz de deixá-la ali envergada como o menino Benjamin. É como uma onda circundante que se alastra deixando-a abalada, é na alma, é ela que se sente corroída. Bem se sabe que as dores tomem elas as formas, gosto e cheiro que possam, não duram eternamente, o que não mata, nos fortalece. São as máscaras que não se sustentam por muito tempo –felizmente. Nem se tenciona estabelecer um discurso maniqueísta em torno do bem e do mal, mas ao que parece a guerra foi declarada, mas nunca ouvi, li ou vi em qualquer lugar sobre o triunfo do mal. E se hoje me perguntarem o que é ser bom ou mal, a resposta está aqui na ponta da língua. Ser bom é trazer a consciência limpa, leve, livre da culpa da causa do sofrimento alheio. Alguns simplesmente não se importam, outros sim, existem os que fingem não serem tocados pelo sentimento de humanidade, e ainda aqueles que resumem tudo num só ser, que prefere a autoflagelação esquecendo que sempre se pode ser melhor do que é. Nada disso ou daquilo faz parte dela, nem aquele ser. Não se mutila, ou venda seus olhos com uma nuvem derrotista, não olha para trás com mágoas, olha adiante com esperança de dias em que momentos assim serão apenas sombras lamentáveis de um passado distante. Ser cruel nem de longe assombra a sua existência. Tudo fora um infeliz contratempo, mais uma barreira a ser transposta – e será.



"...Vou consertar a minha asa quebrada

e descansar"

Cinco doses de qualquer coisa


Cinco doses de cachaça, bem me lembro, começava assim. Numa tarde de Segunda (cálida tarde), cinco amigos reunidos em prol de qualquer coisa que os remetesse a alguma outra que lhes trouxesse felicidade. Felicidade, palavra concomitantemente doce e ácida, passamos dias e dias esperando por qualquer traço que nos leve a ela. Na verdade seguimos sempre uma tendência nociva de não enxergar – ou reconhecer, o que e quem temos. Todos nós sabemos a vida nossa não é sempre repleta de dias ensolarados, existem ainda aqueles cobertos de cinza, marcado por dores e sons estridentes. O que nos difere uns dos outros é exatamente a maneira como encaramos nossos momentos, a solidão realmente dói mais em alguns e existem ainda aqueles que não sabem lidar com o amor, pior ainda, com o desamor. Ontem eu entrava no túnel do tempo – do meu tempo. Um punhado de sensações me invadiu e ainda agora estão instaladas e assombrando minhas idéias. Não que sejam essas – sensações-, tão negativas assim, algumas são dolorosas, outras nem tanto, mas o fato é que não consigo conviver com a saudade. Olhando para a mesa, conseguia sentir o cheiro da comida dela e me lembro com tanto frescor – como sinto o cheiro do sabonete em minha pele depois do banho-, de quando ainda pequena, sem muito entender, eu segurei suas mãos e tentei abafar suas lágrimas. Ah, fortes lembranças!
Nem de longe aquele espaço traz o cheiro de outrora, mas as lembranças estão ali, vivas, tão vivas quanto eu, ou você que lê essas linhas agora. As histórias passadas batendo em minha cabeça como quando bate o som do despertador numa manhã de ressaca.
Na volta, certamente eu não era mais o que fui antes de estar lá, com dois quadros em punho e o peito apertado por vivenciar um pouco da solidão daquele outro, e uma vontade gritante de fazer algo por ele. Mas o quê? Talvez um fardo pesado demais, mas ela acha que pode suportar o peso do mundo.
O abraço da mãe não veio, mas a comida estava lá quentinha, um bom livro e a cama pronta, o que mais poderia querer? Talvez as cinco doses de cachaças que ficaram retidas no final de semana anterior, afinal bons amigos são raros, os sonoros e loucos ainda mais. As melhores amizades certamente não se fazem numa leiteria.

*E o que eu vou ver? Sei lá...


Incrível, mas, o silêncio das horas, o vasto espaço do apartamento vazio e a solidão dizem mais sobre você e as coisas, do que você supunha.
Ontem os instantes eram tão intensos e lhe abraçavam como sentimentos de um tempo passado. Você evitou, correu tanto disto quanto aquela menina que corre apressada para não perder a condução. Sozinha na avenida, ela abre seu guarda-chuva cor cereja e cabisbaixa procura despistar os olhares interrogativos dos aborígenes da cidade. Aquela que dizem ser da alegria, mas que na verdade mais profunda traz a tristeza dos edifícios cinzentos, da velocidade e vagarosidade do tráfego, do olhar que ninguém mais vê.
Voltando ao começo, questiona-se a respeito do que fez e do que se permitiu vivenciar. Estaria ela, agora, neste momento ruminando erroneamente sobre as coisas passadas? Resta a dúvida, estaria no seu exato afinamento com suas noções de tempo e espaço? Uma longa pausa para respiração profunda lhe diz mais do que as palavras que tenta exteriorizar. Definitivamente não há erro quando se é feliz, ou quando se está. Incrivelmente, as pessoas possuem dentro delas uma terrível, amarga e angustiante sensação de que quando as coisas acabam elas não deram certo, em verdade, elas funcionaram bem, no momento em que deveriam funcionar. O agora é hoje, o ontem já foi, e no amanhã o que eu verei não sei, mas resta a convicção que não estarei de lá com olhos fadigados e impressões amarguradas, ela estará de pé como um estandarte da beleza que nunca é finda, verdade que nunca é nula e amor inesgotável.

Poema 10


Mosca dependurada na beira de um ralo –
Acho mais importante do que uma jóia pendente.

Os pequenos invólucros para as múmias de passarinhos
que os antigos egípcios faziam
Acho mais importante do que o sarcófago de Tutancâmon.

O homem que deixou a vida por se sentir um esgoto – Acho
mais importante do que uma Usina Nuclear.
Aliás, o cu de uma formiga é também muito mais
importante do que uma Usina Nuclear.

As coisas que não têm dimensões são muito importantes.
Assim, o pássaro tu-you-you é mais importante por seus
pronomes do que por seu tamanho de crescer.

É no ínfimo que eu vejo a exuberância.


(Manoel de Barros)

Primavera


Eis que é chegada a nova estação
Junto vem o renovo, aquele que precisava
Hoje amasso as folhas de ontem, compro um caderno novinho.
Com meus sapatos vermelhos pego outro caminho...
Olho o vapor de minha xícara de café e o vejo ganhar forma
Os versos do poeta me dizem que derrotei as unhas malignas, estas não zelosas
Hoje vejo a flor do tempo me assinalando um novo dia!

"Já que não estamos aqui só à passeio

já que a vida enfim não é recreio

Eu vou..."

*Um passo à frente


Apagando o ontem
Reinventando o amanhã
*Almoçando o café
Jantando palavras mal ditas
No dia depois do hoje

*Deixa-se levar...


*O mundo é ‘bão’ Sebastião,
E que ninguém se atreva a tentar te convencer do contrário. Alguns grandes se vão, mas felizmente deixam sua marca, sua expressão, o retrato de sua trajetória pra nos tocar a alma e afagar o âmago. Quem disse que seria fácil dizer adeus? Sempre soube que não.
Mas hoje pela manhã ao abrir os olhos opte por enxergar o que tem não o que perdeu. Você tem a maravilha de uma vida boa, bem boa. Um dia inteiro pra sonhar, uma vida inteira pra realizar. Quem disse que no final do arco-íris está apenas o pote de ouro à sua espera? Há uma porção de histórias a viver e outras a se lembrar. Estão lá Amelie. Alice e seu espelho, o sol cintilante e páginas em branco esperando por pingos de tinta a cair no papel. Imagine não só a gaivota, também a casa no campo, do lago, cores, amores e flores. E nada de pensar que ser açucarada enjoa, quem é que gosta de gente salgada? Sal mesmo, só o do mar, nas tardes ‘jacuipenses’ com amizades ‘baianuchas’, com o amarelo solar como testemunha de que a vida não é de brincadeira amigo. Seja verdadeiro com tudo o que pode, ignore o que não faz bem, deixe lá no fundinho do seu baú etiquetado com: ABSTRAIA. E siga fazendo dos seus dias melhores, vivendo, colorindo e musicando-se. Dedique-se ao exercício de uma vida boa, no final ao olhar para trás você notará que os pedregulhos tornaram-se flores multicoloridas aromatizadas e poderá então gritar o mais alto que puder a quem possa ou não interessar: Eu confesso, vivi!

He's like the wind...


*Look in the mirror and all I see Is a young old man with only a dream…*

The dream never dies,
You went but your history is here in our hearts,
I know that the death doesn’t exist...
You're gone, at age 57, after lend your art to us.
We are orphans in this day...
We who appreciate your work by estimated 40 decades.
When I close my eyes I’ll always see Johnny Castle’s smile.
I hope that in the other side of life you never find your last dance.

Sem fim...




Tão desesperador quanto acordar e não vê-la ao seu lado, era olhar o horizonte e se deparar com um mar de incertezas. O tempo é passado e este o consumia. Queria ouvir o trincar de suas chaves ao abrir a porta e sentir seu cheiro numa gélida noite de primavera. Um engodo, obviamente ela estava lá, nos móveis, lençóis, cores das paredes, em tudo o que via e sentia. Ansiava apenas por sentir o suave toque de suas mãos acariciando meus cabelos, aliviando o pesar de seu longo dia com o aroma de seu beijo e leve tocar percorrendo seu corpo.
Estava neste labirinto buscando qualquer sonoridade que lhe trouxesse sua voz, ou a lembrança desta. Rumo à casa de suas idéias, à espera de uma que o levasse ao encontro dela antes do previsto.
Tinha apenas uma certeza, de que a conhecia antes mesmo de encontrá-la e isso não poderia se perder. Dentro dele havia uma vontade gritante de um encontro imediato, embora naquele momento não parecesse possível. Procurou refúgio em suas lembranças, em livros, sons, nas cores que possivelmente o remeteriam a imagem daquele doce rosto.
Talvez todos aqueles pensamentos lhe parecessem piegas, mas há modo de não o ser quando sua alma está tão inundada de sentimentos? Deitado a vislumbrar o que a vista de sua cama lhe permitia, um teto branco, conseguia visualizar a imagem dela nitidamente, enxergava as luzes e tons que o levaram ao seu encontro. Por um minuto fechou os olhos e sentiu uma lágrima percorrer sua face, percebeu-se tão próximo dela naquele momento, tal qual como dia em que suas vidas se reencontraram, definitivamente estavam no destino um do outro.
O que fazer com a geografia que os distanciam? Esta resposta permanecia ali, muda, como uma lacuna do tempo, o tempo que os separa, talvez este seja por vezes seu melhor conselheiro... Estava por fim, certo de que não havia ninguém entre eles, nenhuma das pessoas com as quais pudessem se deliciar nas noites seria capaz de se infiltrar no espaço que pertencia apenas aqueles dois corpos tão distantes e próximos ao mesmo tempo. Tinha mais uma certeza, a de que seu conto não possuía um final, ao menos não por hora, ainda restavam muitos parágrafos a serem escritos, e serão.

*I look from the wings at the play you are staging…

Let it be...



Às vezes me falta inspiração. Não, não só às vezes, escrever para mim, não é nada fácil.
Em verdade é uma atividade altamente penosa. Escrevo por tentar transpor o que às vezes nem consigo identificar em mim. E vou assim, começando ‘numa’ linha e vendo no que vai dar, aonde chegará. Ontem lia sobre maldade.
Alguns diriam que esta não existe, que é obra de ‘uma’ outra entidade (não palpável). Eu diria que essa afirmação é apenas uma tentativa de justificar certas atitudes humanas, tal como personificação, ou coisa parecida. Não creio no dizem alguns filósofos, custo a acreditar no homem essencialmente mal, esta afirmativa me diz que o ser humano não é passível a mudança, e dizer isso, significa afirmar que eu mesma não sou capaz desta. Mas ao olhar para trás eu percebo o quanto mudei – não só umas por algumas rugas –.
Mudar é amadurecer, é olhar através do que as coisas lhe parecem, é vislumbrar nas pessoas o que você pode agregar delas ou não. É não ser previsível, esqueça previsibilidade, você sabe das alterações pelas quais a vida, as situações, as pessoas e até você mesmo que influenciaram sua “transfiguração” e pronto.
Esqueça de provar quem você é, a menos que você não saiba disto. Daí, se não souber, mergulhe bem fundo no seu ‘eu’ desconhecido e vá desvendando por si só, nunca deixe que te digam que não é grande, certamente és maior -muito mais- do que possam sonhar as mentes céticas e enxergar os olhos vendados.


"What do you see when you turn out the light?

...I high by with a little help from my friends..."

Alice...



A pequena encontrara mais do que brinquedos no fundo de seu armário.
Desta vez estavam lá luzes multicoloridas que a envolviam de tal forma que lhe despertava felicidade. Tão imensa que ela pensara que seu tamanho não era capaz de suportar. Não há mais como não acreditar no amor. Ele sim comeu seus metros e metros de fita que lhe destinavam a lugar nenhum. Agora ela se encontrou consigo mesma... Sabe quem é.


"Brincar no parque de manhã

Um dia inteiro pra sonhar

Um mundo só de diversão..."

Ao meu bem...


Querida bondade,

Seus gestos me tocaram a alma, meu bem. Realmente, são tempos difíceis para sonhadores, mas você me mostrou que estes podem ser mais amenos.
Eu me encontrava aqui, meio perdido antes de você se mostrar. Só uma coisa era certa, a minha vontade de fazer feliz. Nem sabia mais se eu merecia ser, mas fazer, eu queria.
Encontrá-la reacendeu dentro em mim o que há muito andava apago.
Dizem que trazemos luz dentro de nós, e você me diz, querida, que o universo conspira ao nosso favor.
Hoje posso crer com veemência nisto. Pois a encontrei, acompanhada por amor e esperança. Sem fantasias, palpável.
Sua amabilidade me traz emoção, vontade de sentir saudades, de estar junto a ti outra vez... Obrigado por me trazer vida!

Lindonéia...



Às vezes é mesmo difícil fazer feliz. Você tenta, busca, mas infelizmente algumas pessoas não valem o esforço. Foram os primeiros pensamentos que acometeram sua mente ao abrir os olhos. Lindonéia era assim que se chamava. Herança de uma época vivida por sua mãe. “Uma vingança”, por vezes pensou. Mas como tudo que sempre fizera, preferia acreditar no lado bom das coisas, “Talvez ela realmente me achasse bela!”



Do amor, ela não tinha dúvida. Nascera inundada por ele. E foi este sentimento que sempre permeou seus dias. O que se questionava era por qual razão, depois anos de sua vida, se percebia sendo questionada sobre sinceridade, amor, lealdade, por criaturas a quem só dedicava verdade. “Será uma trama?”



Trama, Lindonéia acreditava fazer parte de uma desde seu nascimento, talvez uma maquinação do destino. Seus pais separaram-se pouco depois do seu nascimento. Sua mãe, sempre trabalhou muito e seu pai fora ausente em sua vida. Não se podia dizer uma criança problemática, definitivamente não foi. Tivera alguns problemas com a sua aparência, e com a rejeição de pessoas em função desta. Contudo, sempre fora otimista. Acreditava que se sua mãe havia errado em seu nome (talvez por distração ou excesso de afeto), não o fizera por mal, mas irrevogavelmente, Lindonéia não lhe era um nome pertinente, imaginava.



Encontrou alguns amigos ao longo da vida. Uns foram, outros ficaram, tantos ainda por vir. Deparou-se certo momento com pessoas que desencadearam aqueles pensamentos de hoje, ao abrir os olhos. “Afinal, se estamos no mesmo lugar, compartilhando o ar, e vamos para o mesmo ponto quando deixamos a vida. Por qual razão somos tão desiguais? O que motiva tentar provar incessantemente o quão se é melhor do que os outros? Como? Coabitamos o mesmo espaço, somos aparentemente parecidos, esquecendo é claro da textura dos cabelos, formato do nariz e peso, somos iguais. Não somos?” A resposta era positiva.



Preferiu então abandonar os pensamentos conflitantes e, voltar dar as mãos ao otimismo. Pensou consigo mesma: “As coisas todas possuem uma razão. Não é mesmo? Meus questionamentos são pessoais e poucos se preocupam. Minha mãe me batizou Lindonéia, mesmo não sendo eu linda, pelo menos não perante muitos olhos. Mesmo assim, teria ela hoje muito orgulho de mim. Sim, sou boa. Verdadeira, justa, amável. Tenho princípios, isto, tempo algum levará de mim. Sim, me chamo Lindonéia. Muito prazer, eu existo!”

*Através eu vi...




Escrevo porque entre tantas falas, me faltam as palavras. Escrevo porque talvez tencione tornar de alguma forma imortais meus pensamentos. Escrevo porque tantas vontades pululam dentro de mim. Vontades que são tantas. Vontades de sorrir de falar, de amar, de viver... de cravar meus pensamentos e sentimentos de alguma forma em algum lugar. Escrevo porque diante do meus olhos vejo muito, e falo pouco... pouco diante do que poderia falar. Escrevo porque através dos meus escritos eu vi esperança. Esperança que se renova com cada palavra. Escrevo porque, ao olhar para os meus amigos, irmãos, amores... nunca sou tão denso falando, quanto poderia eu ser, escrevendo. E escrevo para perdoar e para ser perdoado. E escrevo não por escrever... escrevo por sentir... e de sentir em sentir... vou assim escrevendo.




*Porque através dos meus escritos eu vi esperança...




Post inaugural, em breve novos textos. Sigam-me os bons!






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